Lembras-te daquele momento de coincidências, de olhares cúmplices, de brilho concordante? Das longas conversas, sobre tudo que era nada? Da tarde sentada a falar, de mim, de ti? Lembras-te do décimo nono dia? Do precipitado que foi esse instante? Confundindo aquele que sentindo se renegava, rompendo impulsivamente os limites do razoável.
Lembras-te? Da última noite em que fui esse eu? Daquele beijo, desejado, de amor enganado, negado.
Foi o começo da decadência, findavam-se as mensagens sentidas, os afáveis reencontros, o carinho criado... Agora só o racional sobressaia em ti, foste sufocando o teu sentir pelo receio... impensável supremacia d’outrém!
E o desconhecimento total da causa feriu, levou ao desespero...
Ambos sentíamos o mesmo pulsar mas nunca te deixaste levar por esse desejo, por esse sonho, o teu pensar fizera-te refém, o meu fez-me diferente... Eles acabaram com tudo.
Hoje ainda penso em ti. A razão de teres existido, que lição tomar de tudo, da partida, dos acender de esperança... Porque, apesar de te renegar ao vento, sinto, no relógio, cada hora de saudade.
Lembras-te de como era? Lembras-te do sentir? Lembras-te do eu, do tu, a toda a hora? Do carinho? Do interesse mútuo? Da preocupação? Do encaixe que permitíamos? Da junção de dois mundos sem barreiras?
Eu lembro, e, assim, te vou amando. Sei que o futuro é incerto, mas é em ti que o vejo melhor. Desejo-te! Amo-te! E sabes que o sinto.
E é esse sentir que me faz acreditar que virás por um abraço mais próximo que o último...
Peguei ao de leve na memória,
Tirando o que se manifestou.
Não o permitiu a nossa história!
Procurei, no entanto, perceber
os motivos da minha frustação,
frases que me atiraste como razão
Não o deixou o meu entender!
Olho em volta, procurando-te...
Não te alcanço, nem em sonho,
deixaste-me ao abandono,
Por meio de discussão ignorante.
As que tinhamos entre falas,
agora nem isso fazermos,
com curiosidade, sem enredos...
São estranhas as tuas palavras!
Mas agora... hoje! Hoje o teu mundo não é o meu, quem sabe amanhã...